VOCÊ ESTÁ NA PÁGINA NOVE

Ensino médio

Mal consegui sentir a sensação gloriosa do toque da injeção eletrônica na palma de minha mão quando, repentinamente, uma voz avassaladoramente grossa ecoou pelo estacionamento:

- IVOOOO ALMEIDA, O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO MOCINHO? - O diretor do colégio exclamou.

Nossa, pensei que a Ferrari era de algum colega meu, o zelador, a tia da cantina ou algo do tipo, não do diretor, senão nunca nem teria pensado em fazer coisa parecida. Tenho muito respeito pelo diretor, porque acredito que se ninguém me salvar de minha burrice não sei o que será de mim. Por isso, boto sempre bastante fé nos educadores e autoridades para minimamente me guiarem:

- Meu jovem, nós teremos um longo sermão no meu escritório sobre respeito aos mais velhos e você irá parar de se rebaixar a essas baboseiras inconsequentes. Venha agora!

Irei lhe poupar os detalhes de como foi o sermão, já que foi bem chato e entediante, como minha punição. Você consegue acreditar que ele me botou para aparar a grama do campo de futebol americano, só por ter feito um desmonte industrial no carro dele? Nossa, eu respeito meu diretor e tudo mais, mas acho que isso foi um pouco longe.

De qualquer forma, o que importa é o agora, e, bem, agora eu estou na minha oficina improvisada no quintal de minha casa, segurando a injeção eletrônica para finalizar minha obra prima, meu magnum ópio. Tomei as devidas precauções e segurei um pouco de terra, a fiação elétrica da casa em que eu moro nunca foi aterrada, por isso, sempre que vou mexer em qualquer tipo de aparato elétrico que não pareça tão seguro assim, tipo o microondas, eu seguro um pouco de terra para me aterrar.

Depois de alguns minutos, o tênis estava pronto e funcional, Doutor Robotnik tremendo de raiva e ira. Agora, eu apenas teria que testar o calçado, e eu já tenho uma ideia da onde eu faria isso, o campo de futebol americano é lógico, preferencialmente cedo durante a manhã, para que ninguém perceba. O problema é, nem todos os empecilhos haviam sido resolvidos neste exato momento.

De acordo com cálculos que eu pedi para meus amigos do Fórum de Aumento Peniano fazerem, essa minha criação poderia chegar a velocidades superiores a 1500 quilômetros por hora, velocidade que meu corpo talvez não aguentaria. Por isso, precisava confeccionar alguma espécie de proteção para poder usufruir da rapidez.

Eu havia procrastinado durante todo o processo de construção dos sapatos a confecção do uniforme protetor, então precisava fazer isso rápido, já que o baile seria daqui uma semana e eu ainda não tinha um par. De jeito algum eu poderia aparecer no baile sem uma acompanhante ou sequer aparecer, eu preciso que a visão das pessoas em relação a mim mude de raiva visceral para indiferente, caso contrário não sobreviveria o ensino médio.

VOCÊ ESTÁ NA PÁGINA NOVE