Mal consegui sentir a sensação gloriosa do toque da injeção eletrônica
na palma de minha mão quando, repentinamente, uma voz avassaladoramente
grossa ecoou pelo estacionamento:
- IVOOOO ALMEIDA, O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO MOCINHO? - O diretor
do colégio exclamou.
Nossa, pensei que a Ferrari era de algum colega meu, o zelador, a tia da
cantina ou algo do tipo, não do diretor, senão nunca nem teria pensado
em fazer coisa parecida. Tenho muito respeito pelo diretor, porque
acredito que se ninguém me salvar de minha burrice não sei o que será de
mim. Por isso, boto sempre bastante fé nos educadores e autoridades para
minimamente me guiarem:
- Meu jovem, nós teremos um longo sermão no meu escritório sobre
respeito aos mais velhos e você irá parar de se rebaixar a essas
baboseiras inconsequentes. Venha agora!
Irei lhe poupar os detalhes de como foi o sermão, já que foi bem chato e
entediante, como minha punição. Você consegue acreditar que ele me botou
para aparar a grama do campo de futebol americano, só por ter feito um
desmonte industrial no carro dele? Nossa, eu respeito meu diretor e tudo
mais, mas acho que isso foi um pouco longe.
De qualquer forma, o que importa é o agora, e, bem, agora eu estou na
minha oficina improvisada no quintal de minha casa, segurando a injeção
eletrônica para finalizar minha obra prima, meu magnum ópio. Tomei as
devidas precauções e segurei um pouco de terra, a fiação elétrica da
casa em que eu moro nunca foi aterrada, por isso, sempre que vou mexer
em qualquer tipo de aparato elétrico que não pareça tão seguro assim,
tipo o microondas, eu seguro um pouco de terra para me aterrar.
Depois de alguns minutos, o tênis estava pronto e funcional, Doutor
Robotnik tremendo de raiva e ira. Agora, eu apenas teria que testar o
calçado, e eu já tenho uma ideia da onde eu faria isso, o campo de
futebol americano é lógico, preferencialmente cedo durante a manhã, para
que ninguém perceba. O problema é, nem todos os empecilhos haviam sido
resolvidos neste exato momento.
De acordo com cálculos que eu pedi para meus amigos do Fórum de Aumento
Peniano fazerem, essa minha criação poderia chegar a velocidades
superiores a 1500 quilômetros por hora, velocidade que meu corpo talvez
não aguentaria. Por isso, precisava confeccionar alguma espécie de
proteção para poder usufruir da rapidez.
Eu havia procrastinado durante todo o processo de construção dos sapatos
a confecção do uniforme protetor, então precisava fazer isso rápido, já
que o baile seria daqui uma semana e eu ainda não tinha um par. De jeito
algum eu poderia aparecer no baile sem uma acompanhante ou sequer
aparecer, eu preciso que a visão das pessoas em relação a mim mude de
raiva visceral para indiferente, caso contrário não sobreviveria o
ensino médio.