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Ensino médio

Como ja disse, meus pais nunca estão em casa quando chego do colégio, o que me proporciona imensa e necessária privacidade. Eu naturalmente gosto de não passar muito tempo com meus pais, porém, não é unicamente isso que me impele a querer ficar sozinho durante essas tardes. É muito mais importante que uma simples preferência à isolamento.

Ignorei a porta de entrada da casa e fui direto para o portão do jardim, que levava ao quintal. No fundo do quintal, detrás grama e mato que haviam crescido ao longo de 2 anos sem corte, uma pequena cabana se escondia. O que você não sabe é que essa pequena cabana não era um simples armazém de vassouras e produtos de limpeza, e sim, a oficina que traria à vida minha maior criação.

Essa criação, tênis de corrida verdadeiros do Sonic, o Ouriço. Algo que não havia mencionado, é meu amor por Sonic e a franquia como um todo. Tenho todos os DVDs de todos os desenhos animados e zerei todos os jogos, orgulhosamente. Ter corrido daqueles maconheiros delinquentes me encheu de determinação para terminar meu protótipo e botá-lo para teste.

Puxei a coberta dos Muppet Babies que cobria os sapatos em cima da bancada e os contemplei por um momento. Tudo havia começado com um tênis da Olympikus velho, trazido pelo meu pai, a base perfeita.

Ao longo dos meses eu havia adicionado e feito inúmeras modificações, a cor deles passou a melhor representar seu paralelo fictício e foram adicionados propulsores de pequenos foguetes que eu havia comprado na internet. Sem contar nas rodinhas de patins instaladas na sola do calçado, para velocidades insanas. Tudo que faltava agora, era aumentar ainda mais a velocidade, o que seria feito a partir de uma injeção eletrônica no destilador carburante do motor do propulsor, simples.

O único problema era que eu não tinha a injeção correta para esse modelo, e a que eu havia comprado pela internet até hoje não havia chegado. Fiquei batendo a cabeça por semanas pensando como que conseguiria achar uma injeção eletrônica que fosse compatível, até que finalmente a encontrei.

Uma semana atrás, no estacionamento da escola, enquanto todos estavam nas salas de aula, eu estava roubando partes de carros. O bom de roubar uma injeção eletrônica é que você pode retirá-la do veículo sem o dono sequer perceber que ela tem algo de errado. Nesse dia contudo, a sorte veio com um pouco de azar também, touché!

Percebi um particular carro diferente dentre os que eu mais comumente roubava, era uma Ferrari! Não era possível que essa marca luxuosa de automóveis não fosse ter a peça que eu precisava. O único problema é que esse carro em específico tinha seus truques e empecilhos para retirar a injeção eletrônica.

A injeção da maioria dos carros era simples de ser adquirida, você abre o capô e ela está ali na superfície, nem precisa pegar uma lanterna. A Ferrari, por outro lado, não seguia essas regras, a injeção eletrônica, como eu descobriria mais tarde, ficava no meio do carro, escondida debaixo de peças e mais peças, tornando necessário o desmonte do carro.

Meus pais haviam me ensinado como desmontar carros no verão passado, nos pátios de apreensão de veículo durante as madrugadas. Por isso, conseguia desmontar até uma SUV em apenas 30 minutos, é eu era bom assim. Conseguimos tanto dinheiro vendendo sucata naquele verão, bons tempos que não voltam mais.

Talvez eu não teria entrado em tanta encrenca se eu houvesse acertado de primeira, mas eu acabei começando pela frente do veículo, desmontando os fárois, o motor, para-brisa, etc. Após não ter encontrado a peça em nenhum lugar, fui para o fundo do carro, mesma história. Finalmente, me deitei e trabalhei debaixo do carro até achar a injeção eletrônica no meio dele como eu falei acima.

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