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Ensino médio

- Meu filho, você provou que até uma pessoa como você consegue ter sucesso na vida. Por conta disso, estarei lhe dando a chave da cidade e um prêmio de 20 milhões de reais por ter vencido a grande corrida! - Ele disse, de maneira meio exuberante e gay.

Eu orgulhosamente aceitei os presentes do prefeito Bruno Reis, merecidamente me deleitando nos meus espólios que deveriam ser de nascença. Afinal de contas, ao longo dessa minha jornada eu cresci e evolui tanto como pessoa, mudei minhas atitudes e corrigi meus erros, por isso acredito que se qualquer pessoa tem um sonho, ela deveria correr atrás dele! Além disso, eu sou a prova viva de que os perdedores na verdade são os vencedores, e que sempre que algo de terrivelmente ruim acontece com você, é porque você vai ser um vencedor no futuro, FATO!

- Eu até te daria uma carona para sua nova mansão Ivo, mas eu só ando de transporte público, então tchau e até a próxima. - Bruno se dirigiu a mim, enquanto andava até o ponto do BRT.

- Nossa... que líder! - Eu exclamei.

Por um momento eu fiquei triste pelas pessoas que haviam morrido, mas esse é um mal necessário que às vezes precisa acontecer para que pessoas como eu tenham êxito. Estava mais preocupado com Pietra na verdade, pensando em qual das várias garotas que agora me amam seria a substituta dela, já que ela provavelmente estava morta. Repentinamente, noto uma pilha de escombros do colégio começar a se mexer, e dela uma figura emerge:

- EU NÃO POSSO VER. EU NÃO POSSO PRESENCIAR ISSO! - A figura gritava, enquanto corria mancando e curvada.

- Lá vem aquele sem-teto mais uma vez *suspiro* - Eu reclamei.

Não fiquei com medo porque agora era rico e bem-querido pelos outros, e nenhum infortúnio a mais aconteceria comigo pelo resto da vida. Quando olhei com mais cuidado notei que não era um mendigo e sim a linda Pietra Maria, um pouco machucada devido aos misteriosos incêndios que haviam transcorrido enquanto eu estava circulando a Terra. Ok, talvez eu não precise mais encontrar uma nova substituta para o grande baile.

- Você conseguiu! Você conseguiu e não morreu, realmente é o cara mais descolado dessa cidade. Botou a Gangue da Encrenca no chinelo. - Ela falava enquanto cuspia sangue e tremia.

- Ótimo, agora talvez nós iremos ser rei e rainha do baile não é mesmo? - Eu perguntei, timidamente.

- Oh sim, sim iremos! Eu sou tão sortuda de ter um acompanhante tão maneiro e habilidoso como você. - Ela respondeu.

- Aham. - Eu falei.

Heh, então é isso né, parece que no final do dia, tudo que você precisa fazer para alcançar seus objetivos na vida é trabalhar duro e ser uma boa pessoa, que nem eu fiz. Eu venci a corrida, derrotei os valentões, consegui a garota e agora todos na cidade gostam de mim, os valentões sempre acabarão trabalhando para os nerds. Enfim, minha vida de verdade começa agora, espero que tenha ajudado vocês ao longo dessa leitura, e espero de coração que vocês sigam as minhas dicas, ingratos.

O FIM

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