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Ensino médio

- Pietra! O que você está fazendo aqui? Quer ver eu me matar? - Eu perguntei, de forma questionadora.

- Não! Eu estou aqui porque talvez essa seja a última chance de lhe perguntar algo. Ah e nossa esse volume nas suas calças é bem interessante hihi. - Ela respondeu, de maneira seduzente e indicativa de atração sexual.

- Pois bem, desembuche agora gatinha. - Eu pedi, enquanto limpava uma meleca que tinha caído do meu nariz para minha boca.

- Eu quero ter a honra de ser sua acompanhante para o grande baile, não há nada no mundo que me deixaria mais feliz e completa do que isso! - Pietra disse aos prantos e barrancos.

- M-mas o que mudou!? Eu achava que todos me odiavam?

- Não mais! Desde que você subiu na mesa do refeitório e proclamou sua revolta com a Gangue da Encrenca, todo mundo passou a te achar muito descolado e maneiro. Estávamos fartos de todas as peripécias e brigas que eles causavam no nosso lindo colégio, tem que ter muita coragem e uma linda pele bronzeada para fazer isso. E quer saber, eu não ligo se você é baixo, gordo, fedorento, tem pinto pequeno, é artificialmente bronzeado, mentalmente dificultado, não tem controle esfincteriano, incontinente urinário, desmaia toda hora e vive numa casa com lixo e sucata, eu te acho bem legal haha! - Pietra disse.

Eu não conseguia acreditar no que meus olhos estavam escutando, eu e Pietra? Não é possível, desde o ensino fundamental I eu sonhava pelo dia fatídico em que ela finalmente falaria isso. Por um momento eu quis desmaiar de novo, porém, dessa vez, não desmaiei, talvez por conta do imenso efeito calmante do alprazolam que tomou conta do meu corpo, ou talvez por conta de todo o sangue que estava circulando no meu pênis, que é a segunda cabeça:

- Eu aceito ir ao baile com você! Mas... eu preciso correr contra o Matias, se não por você então, por mim! Todos na escola agora podem até me amar e me achar supimpa, mas eu preciso provar para eu mesmo que sou digno de todo esse lindo amor que receberei daqui pra frente. - Eu falei meio arrastado e desnorteado.

Pietra assentiu com a cabeça e olhou tristemente e fixamente para baixo, recitando uma oração muito estranha que eu nunca ouvi antes em uma voz bem peculiar. Logo em seguida, ela me pegou pela cintura, me rodopiou algumas vezes tipo aquele passo de dança e me deu um selinho, nem oráculo nem videntes conseguiriam prever isso acontecer na vida de uma pessoa como eu. Dessa vez eu comecei a desmaiar de verdade, mas Pietra logo cravou as unhas na minha bunda, causando uma sensação dolorsa que me trouxe de volta à consciência, e então foi embora correndo:

- EU NÃO POSSO VER ISSO, EU NÃO POSSO VER A RAZÃO DO MEU VIVER MORRER. - Ela gritava enquanto corria para longe.

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